quarta-feira, 2 de setembro de 2015

TERAPIAS ALTERNATIVAS


Terapias alternativas e Religiosidade

*Mauro Ferreira (UMESP-Universidade Metodista de São Paulo)

É impossível negar as praticas das terapias alternativas com a fé, a religião e a doença.
Por outro lado,  é difícil encontrar um país no mundo antigo onde este tema ou pratica não possa ser encontrada. Tal pratica,  foi e continuam sendo impregnando em um sistema conhecido terapias a partir de elementos que não sejam os remédios industrializados.

Tais práticas não foram iniciativas apenas dos orientais como japoneses e chineses, mas uma pratica que remonta milhares de anos atrás na Babilônia, Pérsia, Hindustão, Ceilão, Burma, Java, Arábia, Síria, Ásia Menor, Egito, Etiópia, Grécia, México, Peru etc.

Muitas provas do mesmo efeito, apontaram para a origem comum dos seus sistemas  terapêuticos baseados em elementos minerais, vegetais e até mesmo por imposição de mãos como os magos do oriente faziam.

Mas alguém poderia perguntar: Onde entra a religião ou a fé neste tema?
A resposta é simples. Primeiro porque a religião está impregnada em quase todo o planeta na suas mais variadas formas e contem um pressuposto de terapia (cura) nos seus mais diversos campos.
Por outro lado, religião possui um significado social singular, sua força movimenta os mais diversos problemas sociais e pessoais do planeta.

Sem questionar a subjetividade da cada crença, nosso desejo é trabalhar a interdisciplinaridade deste termo com a questão da terapia alternativa.

            Apesar de todo o avanço científico, o fenômeno das terapias alternativas sobrevive e cresce, desafiando a medicina tradicional e os compêndios científicos, o que em certa medida são produtos das pesquisas alternativas.

            Há estudiosos que tratam as terapias alternativas de forma reducionista limitando-a como um elemento de relações sociais ou resultado apenas da vida subjetiva do individuo.

Há porem, cientistas que preferem estudá-las singularmente, individuando-as no seu contexto. O problema aparece quando se pretende fazer analogias ou aproximações que resultam de interpretações com critérios diversos: alguns as consideram como produto de encontros e influências entre o senso comum. Outros procuram, através de confrontos, descobrirem o que distingue o conceito da prática e sua validade através dos critérios de verificabilidade e experimentação. 

Como bem dizia Henri Bérgson: A Ciência tira conclusões sobre as coisas muitas vezes de forma precipitada sem levar em conta as evidências de experimentação, dedução lógica, e pensamento racional a fim de examinar as coisas.

Certa vez Kant ao fazer “crítica à razão pura” formula as seguintes proposições:
“A razão não pode deixar-se arrastar pela natureza. Ao contrário, é ela que deve mostrar o caminho [...] obrigando a natureza a dar respostas às questões que ela mesma propõe.  A razão [...] se aproxima da natureza [...] como um juiz que obriga a testemunha a responder questões que ele mesmo formulou.”

                                                                                    
Discussão

Hipócrates filosofo grego considerado o “Pai da medicina” diz que há um  equilíbrio entre os diversos organismos e o equilíbrio destes organismos com o meio ambiente.
Esta síntese de Hipocrates só foi concretizada após a Revolução Industrial, que gerou mudanças tecnológicas, econômicas e sociais, trouxe mudanças no modo de se tratar e compreender a saúde. Tempo que entrou em vigor as idéias de grandes pensadores que buscavam auxiliar no desenvolvimento da sociedade, influenciando a área da saúde. Um desses pensadores foi René Descartes que afirmou “Não se pode conhecer o todo, sem o conhecimento das partes”, pensamento que foi seguido pela medicina Ocidental, que é dividida em especialidades médicas, já a medicina Homeopática trata o indivíduo como um todo, levando em consideração a sua maneira de reagir diante dos agentes causais da doença, assim como alegou Blaise Pascal “é impossível conhecer o todo sem o conhecimento das partes, da mesma maneira é impossível conhecer as partes sem conhecer o todo”.

A saúde é um direito complexo que envolve condições biológicas, psicológicas e sociais. Segundo a Organização Mundial da Saúde “é o completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”. Visto isto,  a saúde envolve fatos como não ficar doente e ter o completo bem-estar físico e social, papel que deveria ser exercido pelo Estado, que tem a obrigação de oferecer serviços acessíveis a toda à população, que resolvam os problemas e que sejam eficazes e eficientes. Obrigações estas que são baseadas de acordo com a Constituição Federal que alega “ser a saúde direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação”, artigo 196. O cidadão por sua vez deve ter conhecimento de seus direitos bem como de seus deveres, buscando uma harmonia com o Estado, assim como a pesquisa realizada pelo IBOPE no Brasil em 2000. (em anexo)
Como garantir a saúde do povo brasileiro diante de tantos problemas vividos pela população que implica em não ficar doente tais como: saneamento básico que acaba não sendo acessível a todos; moradia adequada, boas condições de trabalho levando em conta alga carga horária, e baixa remuneração, mais segurança, educação e acesso a alimentação de forma adequada?

Baseando em ser a moral o conjunto de normas, regras e leis que orienta o comportamento dos seres humanos em sociedade e a ética, sendo uma reflexão crítica sobre a moralidade, no direito a saúde, elas caminham lado a lado?
"Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde; Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro; Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido." Como na frase Buda, as pessoas acabam por buscar melhores condições de vida, e deixam em segundo plano a saúde, o bem fundamental para a vida.
Muito se têm discutido sobre temas relacionados a saúde e a ética exercida dentro dela. Podendo assim abrir divergências de opiniões e conceitos em questões éticas e morais dobre tais temas:

Relação da Religião e saúde
Atualmente, médicos e pacientes concordam que tanto a Religião e as terapias alternativas  em casos de cura de doenças é extremamente positiva. As pesquisas científicas demonstram que o efeito da espiritualidade na saúde não precisa ser limitado quando há dificuldade de cura. A fé pode sim ser preventiva.
Grandes médicos falam sobre a cura pelas terapias alternativas e a  espiritualidade para a qualidade de vida, afinal as pessoas usam a Religião para compreender melhor o sentimento da fé, mas a fé não “precisa ser atrelada à Religião”.
Para esses médicos, há necessidade de superar de vez o divórcio entre ciência e espiritualidade e fazer da fé dos pacientes um procedimento padrão essencial da nossa Medicina.
Se não for por uma questão humanista, que seja por uma razão econômica. Já existem pesquisas que mostram que os pacientes terminais com câncer que exercem a espiritualidade, por exemplo, dão menos custos para os hospitais do que outros com o mesmo perfil, mas não têm fé.
As Religiões são muito claras na relação com as doenças. Constantemente, há comentários com hábitos alimentares, circuncisão, uso de álcool e etc e isso apresenta um impacto importante na qualidade e padrão de vida das pessoas. A grande questão é tentar explicar alguns fenômenos que sabemos que existem, mesmo sem saber como e porque, de qualquer forma, eles estão documentados.

Enfim, existem preconceitos médicos em repercutir todas essas questões, mas a ciência está aí para estudar tais fenômenos. Já dizia Albert Einstein: “é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito”. Talvez estejamos começando este processo, a Medicina Tradicional é complementada pela espiritualidade e vice-versa.
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BIBLIOGRAFIA

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