terça-feira, 27 de maio de 2014

FILOSOFIA DA CIÊNCIA: O CIRCULO DE VIENA

O CIRCULO DE VIENA
O Círculo de Viena surgiu nas duas primeiras décadas do século XX, sendo responsável pela criação de uma corrente de pensamento intitulada positivismo lógico. Este movimento surgiu na Áustria, como reação à filosofia idealista e especulativa que prevalecia nas universidades alemãs. A partir da primeira década do século, um grupo de filósofos austríacos iniciou um movimento de investigação que tentava buscar nas ciências a base de fundamentação de conhecimentos verdadeiros. Neste sentido, tal grupo constatou que o conhecimento possui valor de verdade devido à sua vinculação empírica, isto é, o conhecimento científico é verdadeiro na medida em que relaciona-se, em alguma dimensão, à experiência. Contudo, estes filósofos compreendiam que não se pode abandonar a lógica e a matemática, com o avanço que estas obtiveram na virada do século; ambas auxiliam de maneira determinante a busca e determinação das condições nas quais o conhecimento se processa. Assim, a este pensamento, que procura na experiência o valor de verdade último de suas proposições, auxiliado pelas regras da lógica e dos procedimentos matemáticos, denominou-se positivismo lógico, ou empirismo lógico. A este grupo, formado por Philipp Frank (1884-1966), Otto Neurath (1882-1945) e Hans Hahn, incorporaram-se, na década de vinte, Moritz Schilick e Rudolf Carnap, que logo passaram à condição de seus mais ativos membros. Em 1929, Carnap, Hahn e Neurath publicaram um manifesto intitulado A Concepção Científica do Mundo: o Círculo de Viena. Estava, assim, formado este movimento. Além destes filósofos, compunham o grupo cientistas, economistas e juristas. Os membros do Circulo se apresentavam ao mundo científico como um movimento intelectual aparentemente coeso e alternativo a filosofia tradicional, com a finalidade educativa de promover uma nova concepção científica do mundo.
            Schlick, por exemplo, tentou mostrar o vazio dos enunciados sintéticos a priori, de Kant. E por duas vias: - Se os enunciados têm uma verdade lógica, então eles são analíticos e não sintéticos;
- Se a verdade dos enunciados depende de um conteúdo factual, eles são, portanto, a posteriori e não a priori.
Dessa maneira, Schlick (juntamente com seus companheiros) tentou formular um critério de cientificidade que pudesse ou que tivesse uma correspondência com a Natureza. Por isso, o Círculo de Viena adotou uma forma de empirismo indutivista que se utiliza de instrumentos analíticos como a lógica e a matemática para auxiliar na formação dos enunciados científicos. Tal critério seria, então, o de verificabilidade.
Para os pesquisadores do Círculo de Viena os enunciados científicos deveriam ter uma comprovação ou verificação baseada na observação ou experimentação. Isto era feito indutivamente, ou seja, estabeleciam-se enunciados universais (pois a ciência tem pretensão de universalidade) a partir da observação de casos particulares. Para ele, a metafísica está,  portanto, associada a períodos pouco gloriosos na história da filosofia, marcados por discussões; improfícuas, porque ela é a tentativa de sistematizar um conjunto de idéias; confusas, i.e., combinações de palavras que não têm sentido, pseudoproposições.

Noutro lugar, Schlick dirá que o traço comum  aos metafísicos de todos os tempos é a crença na possibilidade de comunicar um contacto verdadeiramente íntimo com as coisas. O resultado do estabelecimento deste critério surgiu também a partir da concepção de linguagem de Wittgestein que os membros do Círculo de Viena utilizaram. Para ele, o mundo era composto de “fatos” atômicos associados e, assim, expressariam sua realidade. Daí os enunciados gerais poderem ser decompostos em enunciados elementares referentes ou congruentes à Natureza, o que exclui os enunciados metafísicos do processo de conhecimento.
Bibliografia

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 - _____________. Karl Popper e o racionalismo crítico. Scientia, São Leopoldo, 5(2): 9-28, 1994.

-VIEIRA, Leandro. O Círculo de Viena e Karl Popper. Consulta no site: 30 de junho de 2011.  http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-circulo-de-viena/501.

 

-ZILHÃO, Antonio . Do Circulo de Viena à Filosofia Analítica Contemporânea. Lisboa: Livros de Areia Editores, 2007.

SITES:


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